A China é a super-potência do século XXI. Desde roupa interior estampada com o Mickey até à destruição de satélites na mais alta estratosfera. É a nossa esperança, dizem uns. É uma ameaça, dizem outros. As avenidas de Pequim são notáveis. Os Jogos Olímpicos de 2008 serão faustosos.
No entanto, há algo que me atormenta: a lista dos mais mortíferos regimes é encabeçada pela República Popular da China. A Alemanha nazi terá no seu notável registo apenas 21 milhões de mortos entre 1933 e 1945. O colonialismo ocidental cerca de 50 milhões durante o século XX. A União Soviética 62 milhões entre 1917 e 1987. A China governada pelo Partido Comunista terá sido responsável, desde 1949, por 77 milhões de mortes, com genocídios de minorias étnicas, assassinatos políticos, massacres, execuções extra-judiciais, períodos de fome em massa e outras atrocidades variadas. Mao Tse Tung, o grande líder até 1976, está à frente da lista dos mais cruéis ditadores de sempre.
As simpáticas relações comerciais, diplomáticas e culturais com a China são comparáveis com um tratado de amizade e cooperação com o regime nazi? Ou são piores? Nos anos 40, Portugal vendia volfrâmio em troca de dentes de ouro derretidos. Hoje, a China, ainda governada pelo mesmo partido, é um estado respeitável com quem mantemos relações proveitosas. Afinal a China é a super-potência do século XXI. Não vamos falar de coisas aborrecidas: é preciso ser construtivo.
12 de fevereiro de 2007
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2 comentários:
Se continuares a escrever assim tens lugar em qualquer jornal de referência. Muito bom.
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