4 de março de 2007

32. Resistência

«O Exército das Sombras» é um filme de 1969, realizado por Jean-Pierre Melville. Passa-se na França em 1942: um grupo de homens e uma mulher combatem, na sombra, os alemães. Não há grande combate, na realidade. Esperava encontrar grandes sabotagens a movimentos de tropas, explosão de pontes, atentados contra responsáveis nazis, etc. Mas não. O filme relata as relações - de fidelidade ou traição - dos membros da resistência.
Acho que perdi algum do fascínio que sentia sobre a resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial: em vez das boinas bascas, havia apenas chapéus de gangster e gabardinas.
Sempre que vejo filmes de guerra relatados pela parte vencedora penso na veracidade da personalidade dos vencidos. Os alemães são sempre retratados como sanguinários, sádicos, indiferentes ao sofrimento alheio. Interrogo-me se é possível. Não haveria nenhum alemão bonzinho que pestanejasse ao premir o gatilho ou ao accionar as câmaras de gás? Nenhum que esboçasse um sorriso enquanto um francês dinamitava um quartel nazi? Os risos que se vêem nos alemães são as gargalhadas loucas dos soldados que atiram granadas para dentro de uma escola primária. Não sei como a união monetária consegue sobreviver a isto.
A única actriz do filme é Simone Signoret. É uma activa terrorista. Planeia minuciosamente as acções da sua célula da resistência. Disfarça-se de enfermeira ou de camponesa cossaca e entra em acção militar. No momento seguinte é apenas mais uma cinzenta transeunte numa cidade enevoada e vazia.

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