Mostrar mensagens com a etiqueta cidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta cidade. Mostrar todas as mensagens

13 de junho de 2011

28 de dezembro de 2009

1060. O campo

É bom para dormir e comer, e comer e dormir, e comer e dormir. Mas é mau porque se grunhe e faz muito frio e muito calor. E porque se come demais. Come-se demais. Mas é bom porque se dorme. O suficiente.

24 de dezembro de 2008

552. O que fazem as cidades

«O Figaro descreve assim o que fazem diversas cidades da Europa: Amsterdam negoceia. Athenas conspira. Berlim medita. Bruxellas discute. Cassel sopra. Constantinopla banha-se. Copenhague adorna-se. Dresde lamenta-se. Dublin mendiga. Edimburgo sonha. Florença está com a bocca aberta. Francfort faz contas. Genova lê. Hamburgo corre. Hannover dorme. Lisboa sorri. Londres enfastia-se. Lyon trabalha. Madrid fuma. Manchester enfarda. Marselha canta. Munich bebe. Napoles sua. Paris fala. S. Petersburgo cala-se. Roma reza. Stockolmo diverte-se. Turim veste-se de gala. Veneza ama. Varsovia suspira e Vienna digere.»

Novo Almanach de Lembranças Luso-Brazileiro, 1892.

8 de janeiro de 2008

218. Ruas e avenidas

Uma avenida é uma rua comprida ou uma rua larga? As ruas compridas podem ainda ser ruas, como a Rua de São Bento. Mas as avenidas nunca podem ser estreitas.

As avenidas têm idealmente árvores. Mas podem não ter, tal como as ruas podem ter.

Avenida < Avenue < Avenu < Avenir < Advenire < Ad venire (para vir).

Um dia alguém viu uma rua larga e disse que era só para vir.

Ouvido na repartição: «Esse é que aquele primo do Penteado?».

17 de abril de 2007

76. Os dias

Devidamente licenciado, dirigiu-se ao automóvel estacionado na avenida. O fecho centralizado abriu com um piscar de luzes. Sentou-se no lado do passageiro e pensou. «Quanto tempo vai demorar a viagem até casa?» Saiu do carro e o fecho centralizado accionou de novo o piscar de luzes.
O leve calor do fim de tarde na Primavera sempre o consolou. Dá vontade de andar por aí, por ruas que nunca percorreu. Por bairros de vidas desconhecidas, quase misteriosas. As Senhoras Marias e os Senhores Horácios conversam à porta das mercearias. São sobreviventes dos antigos bairros. Vão ser substituídos por imigrantes ou por jovens idealistas. Habitar na cidade é um caso sério.
As subidas da cidade antiga parecem conduzir a algum lugar maravilhoso. Custa tanto a chegar... Lá em cima não é maravilhoso. É bonito, simpático, pitoresco. É histórico. Quase se ouvem as armaduras a tilintar...
E no entanto, um Renault 5 bloqueia a saída de uma garagem. A buzina ecoa pela colina. É um aviso: desce a encosta. Escadinhas e calçadas. Calçadas e escadinhas. E a avenida. O fecho centralizado. O volante e a embraiagem. O semáforo e o túnel. A via rápida e a praceta. O elevador e a aspiração central. A SIC e o despertador.