«A vida, uma sucessão de dias. Pequenos-almoços. Medir o café com a colher de plástico cor-de-laranja, encher o filtro, ligar a máquina, saborear o cheiro que se vai espalhando pela cozinha. Sentir os cheiros mais intensamente, mais conscientemente, ainda não me tinha ocorrido, não sabia que perderias essa faculdade. Perdas, disse o teu médico, não se podem evitar em cada um dos casos, mas tentamos que sejam tão insignificantes quanto possível. Deixar o ovo cozer exactamente cinco minutos, realizar essa proeza quotidiana apesar da avaria do conta-minutos. Prazeres palpáveis. A estrutura sustém a vida, mesmo durante os tempos mortos.»
Christa Wolf, 1987
26 de janeiro de 2010
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