«Foi num velho cinema de reprise
que eu revi a minha história
a memória é uma armadilha
quanto mais solta mais se ensarilha
E na roda do destino
nunca se sabe o que se nos depara
e os que ainda andam na mó de cima
têm que saber que a roda não pára
e fatalmente o fim se aproxima
a vida não pára
E enquanto que o mistério se deslinda
no cinema abandonado
olho para o lado
e busco em vão
um outro alguém que me estenda a mão
E a roda deste fado
só não a teme quem a encara
e os que ainda andam na mó de cima
têm que saber que a roda não pára
e fatalmente o fim se aproxima
a vida não pára
E o grito lancinante das sirenes
na cidade adormecida
vem da vida ou vem do ecrã
ouvi-os hoje ou são para amanhã
E na roda desta vida
nunca se sabe o que se nos depara
e os que ainda andam na mó de cima
têm que saber que a roda não pára
e fatalmente o fim se aproxima
a vida não pára
E saio do cinema cambaleante
corro a buscar a amizade
numa cidade que vi na tela
um acenar em qualquer janela
E a roda deste fado
só não a teme quem a encara
e os que ainda andam na mó de cima
têm que saber que a roda não pára
e fatalmente o fim se aproxima
a vida não pára»
Sérgio Godinho, 1981
2 de março de 2009
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