«Apanhámos um carro e fomos até à cidade. Eram duas da madrugada. Passámos ruas brilhantemente iluminadas, onde bandos de gente jovial se moviam de um lado para o outro. Foi assim, com luz, música e risos que Lisboa nos acolheu.
Não esqueceremos o abalo que isso nos deu. Em que estado tormentoso se debatia, não longe daqui, a grande França, eram cidades em trevas forçadas pela guerra, a região norte infestada de conquistadores. Passava-se fome, e aguardavam-se as disposições do vencedor. Sofria-se, a aflição era geral. Milhões de homens aprisionados, outros tantos tomados de pavor, dezenas de milhar levados à morte - e aqui, brilhava a luz. Fruía-se a paz.»
Alfred Döblin, Viagem ao Destino, 1941.
5 de setembro de 2009
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