«Trânsito compacto, à altura dos anos que já passaram,
como tarde de dezembro, segues no ruído das rotações
mais baixas, uma rodilha que lateja nas bielas
— servidores do Estado, pequenos empresários, enfermeiras
diplomadas, criados de mesa que ajeitam as calças,
ocupações triviais, negócios sérios, a subida
de dois escalões na carreira e o orgulho profissional,
mães, mulheres, filhos, amantes, os poucos
amigos que não desertaram, recolheram-se
ao local benigno, onde sempre deveriam ter estado;
dois riscos de nuvem ultrapassam o sol, que se pode olhar
de frente — a tua rendição aceite sem condições,
a cabeça no cepo, a sombra do carrasco e um deus
que o cheiro lisonjeia e desce para recolher o sangue.»
José Alberto Oliveira, 2000.
25 de outubro de 2009
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